ISSN : 2992-7099

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Revista Tlatelolco, PUEDJS, UNAM
Vol. 2. Núm. 2, Enero – Junio 2024

 

Racismo, misoginia, homofobia, moralismo e antipolítica: a ascensão do fascismo no Brasil no início do século XXI

Racism, misogyny, homophobia, moralism, and anti-politics: the rise of fascism in Brazil in the early 21st century

Glauco Vaz Feijó*

RECIBIDO: 9 de diciembre de 2022 | APROBADO: 17 de mayo de 2023

DOI-0

Bacharel e Licenciado em Ciências Sociais, Universidade Federal Fluminense. Doutor em História, Universidade de Brasília em cotutela com a University of Jena, Germany. Professor de Sociologia, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília, IFB. Professor Visitante, University of Tübingen, Germany. E-mail: glauco.feijo@ifb.edu.br. https://orcid.org/0000-0003-3666-3116

Resumen

O artigo é desenvolvido a partir do assombro fascista que assola o Brasil desde o golpe contra a Presidente Dilma Rousseff em 2016 e do momento de relativo alívio que vivemos desde a derrota eleitoral do fascismo em outubro de 2022. A partir de reflexões sobre as políticas do novo governo necessárias para o enfrentamento do fascismo nos próximos quatro anos, tento contribuir, por meio de uma interpretação de fragmentos de discursos, para a compreensão de alguns elementos que tornaram possível tamanho crescimento do projeto fascista no Brasil. Muitos dos elementos discursivos acionados na interpretação são estruturantes das relações sociais no Brasil, outros, contudo, são novas estratégias da extrema direita que permitiram a ascensão do fascismo com a participação das massas. A luta pelo campo do dizível, pela construção do normal e pela participação popular democrática, emancipatória e fundada no amor revolucionário é apresentada com uma das principais tarefas do novo governo para o enfrentamento do pesadelo fascista.

Palabras clave:

fascismo, discurso, moralismo, neopentecostalismo, antipolítica.

Abstract

This paper is developed from the fascist wave that haunts Brazil since the coup against President Dilma Rousseff in 2016 and from the moment of relative relief that we live since the electoral defeat of fascism in October 2022. From considerations about the policies of the new government necessary to confront fascism in the next four years, I try to contribute, through an interpretation of discursive fragments, to understanding some elements that made possible such a growth of the fascist project in Brazil. Many of the discursive elements used in the interpretation are structural elements of social relations in Brazil, others, however, are new strategies of the extreme right that allowed the rise of fascism with the participation of the masses. The struggle for the sayable field, for the construction of the normal and for democratic, emancipatory, and popular participation, founded on revolutionary love, is presented as one of the main tasks of the new government to confront the current fascist nightmare.

Keywords:

fascism, discourse, moralism, neo-Pentecostalism, anti-politics.

Sumario:

1. Introdução

Há cerca de oito meses, em uma conferência, eu afirmava: “o mundo está olhando para o Brasil com espanto, tentando entender o que está acontecendo no país sul-americano que está caminhando em direção ao abismo fascista”. Algum tempo depois, um mês após a eleição de Lula e a derrota do ex-presidente fascista, havia um merecido, e ao mesmo tempo angustiante, sentimento de alívio entre aqueles e aquelas que repudiam o fascismo e a extrema-direita. O merecimento derivava dos quatro anos de sofrimento e de lutas, e das muitas perdas físicas, simbólicas e afetivas. A angústia persistia, e ainda persiste, porque sabemos e sentimos que o perigo fascista não desapareceu e que, apesar de muito velha, a dor ainda não morreu. O que conquistamos com a eleição de Lula foi uma margem mais ampla de luta contra o fascismo e não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. 

Escrevo essas linhas em solo alemão, rodeado pela extrema-direita, que avança por aqui, que chegou ao poder na Itália, que compõe o governo na Dinamarca, na Suécia e na Finlândia, nestes países da social-democracia, nos quais, chegou-se a acreditar, a história teria acabado e a felicidade eterna reinaria. O avanço do fascismo na Europa pode se dar sem os gritos estridentes, estrategicamente usados por trumpistas e bolsonaristas, mas a elegância e a sobriedade europeias não são menos perigosas para nós do que o exibicionismo americano. Isso bem sabem as pessoas colonizadas pela Europa sob elegantes argumentos civilizatórios humanistas que, em parte, emudeceram os gritos das pessoas assassinadas em todo o mundo colonizado.

Os próximos anos do governo Lula terão de ser anos de luta contra o fascismo. A tarefa principal é enfraquecer o fascismo, mas, depois de cinco meses de governo, ainda não me parece certo como Lula, um político de centro-esquerda, que fez da conciliação uma de suas principais habilidades, será capaz de um confronto desta magnitude. Tampouco me parece certo quem sairá fortalecido deste confronto, daí também a angústia, não só de saber não ter a dor passado, mas também da ausência da certeza de que ela sucumbirá em apenas quatro anos.

Eu, da Alemanha, onde me encontro também para não coexistir com o fascismo que tomara conta do meu país, desde o início do governo de transição pós-golpe, levanto-me a cada nova notícia com a clássica pergunta leninista: o que fazer? Contudo, ao contrário de Lenin, hoje não há mais espaço para acreditar na vanguarda, seja ela a vanguarda clássica do partido ou a vanguarda acadêmico-burguesa dos intelectuais de esquerda. Pelo contrário, concordo com a proposta de Sousa Santos (Santos, 2019) de que os intelectuais devem formar uma retaguarda de formulações teóricas e interpretações histórico-culturais que sirvam de apoio e base para o avanço dos movimentos populares progressistas e antifascistas. Sim, porque estes ainda existem e ainda estão ativos, os gritos dos movimentos nacional-fascistas também servem para impedir que os movimentos populares de esquerda sejam ouvidos e, talvez, uma das tarefas mais urgentes do novo governo Lula seja apoiar os movimentos populares antifascistas. Até que ponto o novo governo conseguirá fazer isso (diante da necessidade imposta pela democracia representativa de construir alianças com os setores mais perversos da sociedade brasileira, fortemente representados no Parlamento) é uma questão que não pode ser respondida antes dos eventos futuros.

Um dos caminhos possíveis talvez seja o retorno do governo às práticas de democracia participativa que tanto contribuíram para a projeção do Partido dos Trabalhadores nos anos 1980 e 1990 como uma das esperanças de transformação democrática e não violenta do sistema político capitalista liberal. Em cinco meses de governo, há falas esparsas de Lula que apontam para essa possibilidade. 

Como retaguarda, cabe a nós, intelectuais, tentar fomentar estes movimentos populares com interpretações que possam ser úteis na luta, retomando para o campo progressista (gostaria de dizer revolucionário, mas não creio que o momento permita esse movimento) as narrativas que inflacionaram os movimentos fascistas com a participação das massas. Como retaguarda intelectual, uma contribuição simples e necessária que proponho aqui, é uma interpretação possível de como foi construído um movimento de massas em torno do projeto fascista no Brasil, que levou quase 60 milhões de pessoas a votar pela extrema-direita fascista nas eleições de 2022 e que ainda mobiliza pelo menos um quarto da sociedade brasileira, mesmo após a tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023 e o parcial abandono dos arautos do lavajatismo pela mídia tradicional.

Algumas das variáveis que permitiram tamanho crescimento do fascismo são estruturantes na sociedade brasileira: o racismo, que estrutura toda a necropolítica do mundo colonial moderno (Mbembe, 2014; Quijano, 2014); a misoginia, que também estrutura as relações capitalistas em nível global (Federici, 2017); a homofobia; a violência de classe e o moralismo, que marcam fortemente algumas sociedades colonizadas, incluindo a sociedade brasileira. Todas estas variáveis são utilizadas para afetar os sujeitos e trazê-los para o projeto fascista da extrema direita. A maioria dessas variáveis sempre fez parte do discurso bolsonarista, mas uma delas mudou desde que o bolsonarismo se tornou uma possibilidade real para a extrema direita chegar ao poder: o moralismo bolsonarista, que até certo ponto estava ligado sobretudo a questões de sexualidade e gênero, acrescentou elementos neopentecostais de natureza extremista a seu discurso como estratégia de afetação das massas.

Ao lado dessas variáveis estruturantes, uma outra variável, de natureza conjuntural, foi fundamental para o florescimento do fascismo: a antipolítica ou, como eu gostaria de chamá-la, o "caldeirão do diabo". Hoje, como ontem, a antipolítica fomenta o envolvimento das massas que caracteriza fortemente o fascismo. A adesão de milhões de pessoas é certamente um dos aspectos mais perturbadores do fascismo. Nunca se trata de um líder diabólico que seduz as massas, muitas vezes são pessoas medíocres que emergem como líderes fascistas. Cabe aqui lembrar a inesquecível lição de Hannah Arendt: o mal é superficial, por isso mesmo se espalha como praga, só o bem tem raízes profundas (Arendt, 2010, p. 444).  

Também não é o fascismo um puro movimento das elites. Mesmo que as elites estejam sempre presentes e sejam fundamentais, assim como o é a atuação das instituições, o fascismo é um movimento de massas (Parada & Ferreira, 2008; Reich, 2011; Rosenberg, 1934) e precisa ser compreendido também nesta dimensão que tanto nos desesperança. Nesse texto, tento refletir sobre a presença e importância de alguns desses elementos na consolidação do fascismo no Brasil e sobre as especificidades desse fascismo que se apresenta, mesmo num contexto global de ascensão da extrema-direita, como um retrocesso para muitos projetos de humanidade já imaginados.

2. Um olhar a partir de discursos reforçados e adaptados

Minha intenção é participar da construção de caminhos de reflexão por meio da interpretação de práticas discursivas reacionárias que se fundamentam em variáveis estruturantes conservadoras. Além disso, almejo reconhecer práticas discursivas fascistas estrategicamente acionadas para o projeto de ascensão eleitoral da extrema-direita ao poder, encampado por um líder fascista de insólita e necessária mediocridade para a assunção deste lugar de liderança.

Ao lado da interpretação das práticas discursivas conservadoras reforçadas e das práticas discursivas fascistas elaboradas, cabe ainda apontar para práticas políticas que fortaleceram a antipolítica como estratégia de adesão das massas. Sem essa adesão, o fascismo não pode ser estabelecido (Reich, 2011; Rosenberg, 1934). Não se trata de formulação de respostas, pois insisto que as respostas não podem vir da academia, que é meu espaço de ação. As respostas vêm das ruas. A rua é o lugar onde o fascismo é fortalecido e o enfrentamento do fascismo também é feito, sobretudo, nas ruas. As respostas não podem vir apenas da razão teórico-cognitiva, que é também o lugar de onde estou falando. As respostas também devem vir dos afetos. 

Os afetos têm um papel fundamental no fascismo, a luta pelos afetos é fundamental, é imprescindível substituir o ódio pelo amor revolucionário. O amor revolucionário é um projeto político, como nos ensina bell hooks, Cornel West e também Fanon (Fanon, 2008; hooks, 2021; West, 2001). Trata-se do apoio necessário da academia e da interpretação teórico-cognitiva para a construção de respostas nas ruas e para a luta pelos afetos conduzida por movimentos antifascistas. Trata-se aqui de uma simples tentativa de expor o discurso bolsonarista, que se baseia em características estruturantes das relações capitalistas no Brasil. Trata-se também de expor como, a partir de mudanças discursivas e de práticas políticas estratégicas, tal discurso interpela e afeta as massas, tornando possível o bolsonarismo.

3. Práticas discursivas e políticas da extrema direita: conquista das massas e ascensão do fascismo

Racismo, homofobia, misoginia, moralismo e violência são marcas do atual fascismo brasileiro, detectadas nos últimos 30 anos em manifestações discursivas do ex-presidente (Barreto Jr., 2022). O moralismo é dividido em duas frentes, uma que se atém a questões de gênero e sexualidade e, portanto, está ligada à misoginia e à homofobia, e outra mais imediatamente ligada ao neopentecostalismo. Esta segunda frente foi construída especialmente desde 2014, quando Bolsonaro –até então um deputado de extrema-direita que ninguém levava a sério, desconhecido fora de sua base eleitoral no Estado do Rio de Janeiro– foi reeleito com mais de 500.000 votos e se tornou uma alternativa para a direita, contra a esquerda enfraquecida pelas manifestações de junho de 2013 no Brasil. A partir daí, os movimentos da nova direita, que de várias formas saíram vitoriosos das manifestações de junho, se aproximaram do "fascismo histriônico e patético de um homem só" e lhe emprestaram o elemento que restava para a ascensão do fascismo: a participação das massas. A partir desse encontro, reforça-se a imagem de um herói antissistema e constrói-se o discurso religioso casuístico que viria a ser fundamental para o projeto da extrema direita, aliado aos discursos racistas, misóginos e homofóbicos estruturantes. Vejamos como isto é construído no discurso do líder fascista. 

As manifestações discursivas reproduzidas abaixo foram retiradas do livro Bolsonaro e seus seguidores: o horror em 3650 frases, no qual Walter Barreto Jr. (2022), recolheu frases incrivelmente violentas, racistas, misóginas e classistas ligadas aos quase 30 anos de vida pública do ex-presidente, quase todas elas proferidas por ele mesmo. 

A interpretação desses fragmentos de discurso se faz metodologicamente inspirada nos Estudos Críticos do Discurso (Ramalho & Resende, 2011; Resende & Ramalho, 2009; Resende & Regis, 2017), área por onde venho transitando há algum tempo (Feijó, 2012, 2018a, 2018b). Considero ser apenas uma inspiração metodológica, pois um excessivo rigor metodológico me impedira de citar os Estudos Críticos do Discurso como metodologia, uma vez que minha fonte são fragmentos discursivos retirados de seu co-texto. Também porque a interpretação empreendida se prende somente ao léxico, deixando de lado aspectos importantes na análise de fragmentos de discurso, como, por exemplo, a sintaxe oracional. Por outro lado, considero que o caráter essencialmente engajado dos Estudos Críticos do Discurso, sua luta contra o academicismo e as colonialidades acadêmicas (Resende, 2017), permitem me deixar inspirar e usá-los como metodologia de forma conscientemente pragmática e engajada. Não há, nesse engajamento e pragmatismo, contudo, abandono do rigor, que é garantido pela clareza de que o corpus de interpretação não são os discursos na íntegra, mas fragmentos reunidos em um livro também engajado que tem por objetivo ressaltar os horrores do bolsonarismo. Não sem muito asco e repugnância, reproduzo alguns desses horrores no texto que segue.

4. A base do ódio: o discurso racista-homofóbico-misógino

Setembro de 2003: Nossas crianças e adolescentes podem crescer direcionados para a visão de que ser gay ou homossexual é motivo de orgulho para si e para seus pais. (...). Não podemos, no momento em que os valores morais cada vez mais vão por terra, contribuir dessa maneira para a criação deturpada de nossos jovens.

Agosto de 2010: O filho começa a ficar assim meio gayzinho, leva um coro, ele muda o comportamento dele. Olha, eu vejo muita gente por aí dizendo: ainda bem que eu levei umas palmadas, meu pai me ensinou a ser homem.

Abril de 2011: Meus filhos não ʻcorrem risco’ de namorar negras ou virar gays porque foram muito bem-educados.

Junho de 2011: Agora eu fico imaginando um cara mantendo relações com o [deputado] Jean Wyllys. Meu Deus, além de homem, é feio! [risos]. Imagina esse cara olhando para trás e pedindo: ‘Me dá um beijinho’ [gargalhadas].

Outubro de 2012:  Atenção, povo católico, povo evangélico de São Paulo, povo paulistano, você quer que seu filho aprenda lições de homossexualismo no ensino fundamental? Se quer, vote no Haddad. Se quer que seu filho aprenda a ser homossexual desde cedo, vote no Haddad.

Março de 2013: Dilma Rousseff (...) não tem compromisso com a família. Se tivesse, não teria indicado a Eleonora Menicucci para ser ministra das Mulheres, pois ela declara, no Correio Braziliense, que continua tendo relações com homens e mulheres, ou seja, no linguajar popular: sapatona! E ainda diz que o seu grande orgulho é a filha, que é gay.

Fevereiro de 2014: Os gays não são semideuses. A maioria é fruto do consumo de drogas.

Dezembro de 2014: Fique aí, Maria do Rosário! Há poucos dias você me chamou de estuprador no Salão Verde, e eu falei que eu não a estuprava porque você não merece. 

Setembro de 2015: Se eu criticar haitiano aqui, agora sou terrorista?! Se eu for contra a entrada de haitiano no Brasil, que é o programa de poder do PT, eu sou terrorista (...). Não podemos criticar a entrada de haitianos, senegaleses e cubanos aqui.

Outubro de 2015: A escória do mundo está chegando ao Brasil como se nós não tivéssemos problema demais para resolver.

Março de 2016: Com o passar do tempo, com as liberalidades, as drogas e as mulheres trabalhando, aumentou bastante o número de homossexuais.

Outubro de 2016: Vocês estão escancarando as portas do Brasil para tudo quanto é gente, isso vai virar a casa da mãe Joana, todo tipo de escória vai entrar aqui.

Fevereiro de 2017: As minorias têm que se curvar às maiorias. As minorias se adequam ou simplesmente desaparecem.

Abril de 2017: Foram quatro homens. A quinta eu dei uma fraquejada e veio uma mulher.

Abril de 2017: Alguém já viu algum japonês pedindo esmola por aí? Porque é uma raça que tem vergonha na cara.

Agosto de 2017: Fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Nem para procriador ele serve mais.

Não é intenção aqui entrar na interpretação das estruturas racistas, misóginas e homofóbicas da sociedade brasileira que tornam possível dizer o que é para muitos de nós abominável. Muitas pessoas brilhantes, engajadas e sensíveis (entre muitas ver: Carneiro, 2011; Gonzalez, 2004; Gonzalez & Hasenbalg, 1982; Guimarães, 1999; Nascimento, 2016; Ramos, 1954) já esmiuçaram essas estruturas ao longo das últimas décadas. Para evitar o uso de muitas citações ou de enfadonhas tentativas de resumir interpretações consolidadas, pensei em incluir algumas estatísticas muito eloquentes sobre racismo e misoginia, que poderiam nos ajudar a entender como é possível que um deputado, depois Presidente da República, se manifeste impunemente de forma tão racista, misógina e homofóbica. Depois, lembrei-me de uma imagem usada pela extrema direita no movimento pelo impeachment da presidenta Dilma e me pareceu que tal imagem poderia ser ainda mais eloquente, além de nos permitir uma clara dimensão de uma importante alteração no campo do discurso necessária para a ascensão do fascismo: a ampliação do campo do dizível aos limites das representações fascistas das relações sociais e do mundo. 

Contudo, decidi não reproduzir tal “ampliação do dizível aos limites do abominável” em meu próprio texto e, em vez de exibir a foto, limito-me a descrevê-la. Trata-se de uma imagem que foi usada como adesivo em automóveis, na qual uma mulher nua é representada em posição ginecológica e sua vagina posicionada no orifício pelo qual o carro é abastecido de combustível. Em uma montagem grotesca, o rosto da mulher é substituído pelo rosto da Presidenta Dilma Rousseff. Trata-se de uma agressão vil e misógina não só à Presidenta eleita, mas a todas as mulheres que veem estupros sofridos cotidianamente serem imageticamente reproduzidos à luz do dia como motivo de chacota e de deleite para a extrema direita. 

Em resumo, embutidos na violência da modernidade colonial, somos uma sociedade racista, misógina e homofóbica e, nos últimos anos, perdemos, a vergonha de sermos assim, mais do que isso, o abominável fascista tornou-se dizível e foi elemento chave na eleição da extrema direita. Contudo, como disse, não proponho aqui uma análise das estruturas racistas e misóginas da sociedade brasileira, mas sim da gestão discursiva dessas estruturas como estratégia para a extrema direita chegar ao poder. Por enquanto, basta dizer que racismo, misoginia, homofobia e violência sempre estiveram presentes no discurso bolsonarista, mas estas características isoladas não fizeram de Bolsonaro presidente brasileiro. 

Durante 30 anos, o líder fascista conseguiu ser eleito deputado por cerca de 100 mil eleitores fascistas no Estado do Rio de Janeiro, mas em 2014, o deputado marginal, representante das milícias e do pior que existe em nossas sociedades, obteve cerca de 500 mil votos nas eleições, sendo eleito deputado pela sexta vez, mas agora com um grande impacto nacional. Em 2014, todo o eleitorado brasileiro conheceu o deputado fascista que havia sido ignorado por mais de 20 anos no Parlamento.

A repercussão nacional da eleição de um deputado fascista com o terceiro maior número de votos nas eleições nacionais de 2014 foi uma das primeiras consequências políticas dos protestos de junho de 2013 no Brasil, sobre os quais falarei com um pouco mais de detalhe no final. O que eu gostaria de ver agora é como a eleição de Bolsonaro em 2014 influenciou suas práticas discursivas desde então e acrescentou o elemento que lhe permitiu, juntamente com os outros elementos já existentes, ser eleito presidente do Brasil quatro anos depois.

5. A inclusão de Deus e do aborto: o moralismo cristão como estratégia político-discursiva de inclusão das massas

Junho de 1999: Nosso dia chegará. Afinal, o povo deste país acredita em Deus e Ele nunca nos abandonou. O Brasil acima de tudo! É o que tenho a dizer.

Outubro de 2014: Primeiro, eu queria agradecer a Deus a oportunidade que Ele me deu para continuar mais 4 anos ocupando esta tribuna.

Abril de 2016: Neste dia de glória para o povo brasileiro, um nome entrará para a história nesta data pela forma como conduziu os trabalhos desta Casa: Parabéns, Presidente Eduardo Cunha! Perderam em 1964. Perderam agora em 2016. Pela família e pela inocência das crianças em sala de aula, que o PT nunca teve... Contra o comunismo, pela nossa liberdade, contra a Folha de São Paulo, pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff! Pelo Exército de Caxias, pelas nossas Forças Armadas, por um Brasil acima de tudo, e por Deus acima de todos, o meu voto é ‘sim’!” 

Maio de 2021: Tem gente melhor que eu? Tem. Mas Deus quis que fosse assim.” 

Setembro de 2021: A vida do presidente não é fácil, se alguém quiser trocar comigo, troco agora. Mas entendo que é uma missão de Deus pra gente redirecionar esse país.

Novembro de 2021: E dizer a vocês que, apesar dos problemas, eu sinto que estou cumprindo uma missão de Deus.

Março de 2022: Nós temos, graças a Deus, força para lutar contra o mal. Não é esquerda contra direita, é o bem contra o mal.

Interpretando cronologicamente os fragmentos dos discursos reunidos por Barreto Jr. (2022), é possível verificar muito claramente que Deus só começa a desempenhar um papel central nos discursos após a projeção nacional de Bolsonaro com o resultado das eleições de 2014. 

Diferente do que acontece com o discurso racista, que sempre esteve presente e permitiu que Bolsonaro fosse eleito deputado cinco vezes entre 1990 e 2010, Deus é uma variável que, antes de 2014, aparece apenas uma vez em um discurso muito específico e de forma genérica. Já no discurso de recondução ao cargo de deputado em 2014, Deus aparece com toda sua força retórica nos agradecimentos do terceiro deputado mais votado no Brasil. Dois anos depois, na infame votação a favor do golpe contra a Presidenta Dilma Rousseff, na qual Bolsonaro prestou homenagem a um conhecido torturador da ditadura brasileira, Deus assume o papel central no discurso bolsonarista, capaz de transformar o bolsonarismo na nova manifestação do fascismo brasileiro.

Ao votar a favor do golpe, a extrema-direita não só inclui Deus (“Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”) em suas estratégias discursivas, mas ao mesmo tempo resgata o lema do da Ação Integralista Brasileira (AIB) dos anos 1930: “Deus, Pátria e Família”.É desnecessário dizer que as ocorrências do uso de Deus nos discursos, depois de transformado em slogan de campanha, se multiplicam às centenas e quase não há discurso bolsonarista que não seja feito em nome de Deus desde então. Mais recentemente, a partir de 2021, já em campanha eleitoral, um novo elemento divino é incorporado estrategicamente ao discurso: o indesejado das gentes passa a se apresentar reiteradamente como “escolhido de Deus”.

A centralidade de Deus nas novas práticas discursivas exigiu algumas adaptações também estratégicas. As práticas discursivas racistas, misóginas e homofóbicas anteriores, por conservadoras e moralistas, puderam se adaptar facilmente ao novo elemento discursivo neopentecostal. Outras práticas mais próximas ao liberalismo-conservador não eram tão adequadas e tiveram de ser repensadas, assumindo protagonismo no conjunto das velhas-novas práticas discursivas reordenadas, sendo o maior exemplo a mudança estratégica no posicionamento do líder fascista sobre o aborto.  

Há apenas uma manifestação do deputado Bolsonaro antes de sua eleição em 2014 sobre o aborto. Assim como Deus, o aborto não é uma questão de importância para o deputado fascista até 2014. No único registro encontrado por Barreto Jr. (2022) sobre o assunto antes de 2014, o deputado se posiciona de forma liberal favoravelmente à possibilidade do aborto, algo diametralmente oposto a suas posições posteriores:

Fevereiro de 2000: Tem de ser uma decisão do casal. (...) Já [vivi tal situação]. Passei para a companheira. E a decisão dela foi manter o filho.

Junho de 2022: Um lado defende o aborto, o outro é contra; um lado defende a família, o outro quer cada vez mais desgastar os seus valores; um lado é contra a ideologia de gênero, o outro é favorável; um lado quer que seu povo se arme, para que cada vez mais se afaste a sombra daqueles que querem roubar essa nossa tão sagrada liberdade; e eu tenho dito: povo armado jamais será escravizado.

Junho de 2022: Um bebê de SETE MESES de gestação, não se discute a forma que ele foi gerado [estupro de uma criança de 11 anos], se está amparada ou não pela lei. É inadmissível falar em tirar a vida desse ser indefeso!

Maio de 2022: Esse governo é radicalmente contra o aborto, contra a ideologia de gênero e contra o comunismo. É temente a Deus acima de tudo.

A condenação moral do aborto coroa o discurso moralista como uma estratégia fascista de manutenção do poder através da mobilização das massas. Felizmente para aqueles que amam, a estratégia não foi suficiente para a reeleição do fascismo, mas foi suficiente para forçar o candidato da Frente Democrática, Lula, a se manifestar claramente também contra o aborto durante a campanha eleitoral. O que provavelmente será um obstáculo para grandes avanços nos direitos de saúde sexuais e reprodutivos, sobretudo para mulheres pretas, pobres e periféricas, durante o próximo governo.

Finalmente, gostaria de dar uma olhada em como os protestos de junho de 2013 contribuíram para a ascensão do fascismo bolsonarista.

6. A caldeira do diabo: de junho de 2013 aos atos fascistas de 2023

Desde o surgimento dos protestos até hoje, há grandes controvérsias sobre os significados das manifestações de junho de 2013. No próprio momento dos protestos, intelectuais de diferentes tradições se dividiram entre aqueles e aquelas que viam os eventos como movimentos emancipatórios, autônomos e de uma nova ordem ainda desconhecida e outros e outras que não hesitaram em apontar características protofascistas das manifestações (Arantes, 2014; Avritzer, 2016; Chauí, 2013; Nobre, 2013; Nogueira, 2013; F. Santos, 2013; Singer, 2013; Souza, 2016), amplamente apoiadas pela mídia tradicional, que nunca esteve ao lado de movimentos realmente emancipatórios. 

Mesmo que entusiastas de junho de 2013 sejam poucos depois de todas as catástrofes, ainda há quem prefira destacar o fato óbvio de que junho de 2013 não foi nem predeterminado nem destinado a ser seguido pela ascensão da extrema direita no Brasil, nem existiria uma linha inequívoca e incondicional que ligue junho de 2013 à catástrofe ético-política estabelecida com o governo bolsonarista. Não há como discordar destas premissas fundamentais: a história é feita de lutas e, sim, houve movimentos progressistas entre a multidão de novos sujeitos nos protestos e, novamente sim, houve contradições e divisões antagônicas em junho de 2013, sendo as mais citadas as ocupações das escolas por jovens secundaristas, muito inspiradas pelos movimentos coetâneos no Chile. Contudo, falando de hoje, depois de todas as mudanças nos valores éticos, no campo do dizível, não me parece razoável ignorar o que junho de 2013 nos deixou de mais profundo: o fascismo bolsonarista. O que me parece neste momento mais importante que as elucubrações hegelianas sobre as limitações da Verstand frente à Vernunft (Lima & Sawamura, 2016) é entender como junho de 2013 pode ter contribuído para gerar nossa catástrofe. Meu argumento é que junho de 2013 trouxe para o caldeirão do diabo o elemento que faltava para produzir o fascismo: a adesão das massas. E o canto das sereias para atrair as massas foi a crítica difusa ao sistema político-representativo. 

Se assim for, é necessário tirar essa crítica da extrema-direita, transformar a crítica difusa em uma crítica concreta e dialética do sistema democrático-representativo que, de fato, não é capaz de resolver os problemas mais fundamentais das gentes e, aqui volto ao que disse no início, a tarefa mais urgente é fortalecer os movimentos progressistas antifascistas, o que é feito através da democratização da democracia (Santos, 2002).

Sempre que penso dos protestos de junho de 2013 e em suas diferentes interpretações, parece-me muito relevante, talvez mais do que nunca, a imagem de Benjamin sobre o conceito de história, o Angelus Novus de Paul Klee, que preciso citar antes de prosseguir:

Há um quadro de Klee que se chama Angelus Novus. Representa um anjo que parece querer afastar-se de algo que ele encara fixamente. Seus olhos estão escancarados, sua boca dilatada, suas asas abertas. O anjo da história deve ter esse aspecto. Seu rosto está dirigido para o passado. Onde nós vemos uma cadeia de acontecimentos, ele vê uma catástrofe única, que acumula incansavelmente ruína sobre ruína e as dispersa a nossos pés. Ele gostaria de deter-se para acordar os mortos e juntar os fragmentos. Mas uma tempestade sopra do paraíso e prende-se em suas asas com tanta força que ele não pode mais fechá-las. Essa tempestade o impele irresistivelmente para o futuro, ao qual ele vira as costas, enquanto o amontoado de ruínas cresce até o céu. Essa tempestade é o que chamamos progresso (Benjamin, 1996, p. 226).

Estamos como o anjo da história, olhando para o acúmulo de ruínas deixadas pela nossa catástrofe mais recente e pelas mais antigas, incapazes de juntar os fragmentos e ainda chorando nossos mortos. Também como o anjo, não podemos parar e evitar o futuro, resta-nos, então, tentar volver-nos a ele e retomar sentidos perdidos na tempestade fascista.

7. Para prosseguir

Como a imagem de Klee, ou melhor, como a leitura que faz dela Benjamin, esse texto é carregado de pessimismo, sobretudo de muita violência, porque fala de estruturas extremamente violentas e normalizadas em nossas sociedades. Mas, ao contrário de Benjamin em seu ato final, ainda acredito na nossa capacidade revolucionária de amar e de lutar por amor, por isso não gostaria de terminar com imagens de violência, nem tampouco gostaria de terminar com o rigor científico ascético de um determinado fazer acadêmico. Permito-me transgredir o gênero textual, permito-me participar do chamado ao rigor acadêmico para o seu necessário encontro com o comprometimento político, como o mundo da vida e com as escolhas que terão que ser feitas.

Entre as escolhas, escolhi terminar com uma imagem de amor, registrada por “jornalistas livres” durante manifestações contrárias ao golpe que tiraria Dilma Rousseff da presidência brasileira: 

Fonte: Jornalistas Livres, 2015.

Na época, esta menina tinha 6 anos, também por causa dela eu acredito nas pessoas e acredito que somos capazes de um mundo melhor. Resta ao novo governo eleito reabrir os caminhos para o amor revolucionário, tarefa nada simples.

8. Referências

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